O século XXI será, sem dúvida, o século da Felicidade nas Organizações.
Ao lermos o estudo publicado na revista Exame sobre " Melhores Empresas para Trabalhar", encontramos uma linha comum a todas elas: cuidada gestão do capital humano, pessoas focadas nas suas metas, alinhamento dos objectivos individuais e organizacionais e a motivação das equipas como principal alavanca para o sucesso.
Cada vez mais o grande objectivo de qualquer empresa é garantir a sua perenidade, crescendo nos anos propícios e atravessando com segurança os períodos de estagnação nos mercados. A Felicidade e o Humanismo como filosofia de gestão, fazem já parte da cultura de grandes empresas, extremamente lucrativas e que nem por isso deixam de ser excelentes lugares onde se trabalhar.
Na gestão empresarial, os Valores Humanistas resultam na valorização das diferenças, no respeito entre a empresa e os seus colaboradores, abertura à mudança, respeito pelo consumidor e integração na comunidade.
Mas o estudo sobre as " Melhores Empresas para Trabalhar" traz-nos também outra realidade, por vezes esquecida: a de muitas empresas que operam de forma inconsciente, tomando decisões e desenvolvendo-se através de puro instinto, deixando que o seu dia-a-dia seja governado pelo stress, pela reactividade, actuando normalmente em piloto automático.
São organizações que não fazem a mínima ideia sobre qual será o estado anímico dos seus colaboradores. Podem ser até competitivas, ambiciosas, mas estando sobretudo obcecadas com o curto prazo, convencem-se a si mesmas que não se podem dar ao luxo de serem éticas, acreditando que esta é a melhor maneira de sobreviver...
Normalmente este Egocentrismo Empresarial, focado no ganhar cada vez mais dinheiro, com a máxima de que os fins justificam os meios, assenta numa base de grande inconsciência. Tal acontece porque estas empresas simplesmente não estão em contacto com os seus valores. Estes últimos são o mapa interior que permite tomar decisões alinhadas com a sua consciência.
Para que uma empresa contacte com os seus valores primeiro deve conhecer-se a si mesma. Quando falo em conhecer-se a si mesma, falo em conhecer os seus colaboradores e equipas, para além dos seus produtos ou serviços. Este conhecimento deve ser transversal, percebendo quais as expectativas da empresa e do colaborador, escutando as pessoas, motivando-as, mas sobretudo fazendo-as sentir a cada momento que elas são o verdadeiro "motor" da organização, tendo presente que a Felicidade é o seu "combustível". É através deste auto-conhecimento, que as empresas podem descobrir o seu verdadeiro propósito.
Muita das empresas todavia não encontraram a sua razão de ser, e isso sempre gera um grande vazio, tornando-as doentes e vulneráveis.
Ao não encontrem nenhum sentido naquilo que fazem, não se conhecendo verdadeiramente, são vitimas dum vírus letal: a epidemia da insatisfação e mal-estar entre os seus colaboradores, que consome ano após ano a sua criatividade, inovação e a capacidade de acrescentar valor.
Uma nova maneira de empreender um negócio e de gerir pessoas está a emergir. Um novo paradigma económico, em que a ética e a rentabilidade andam de mãos dadas, em que o interesse pela Felicidade dentro da Organização é genuíno. Desta forma emergem verdadeiros exemplos de sustentabilidade e eficiência.
A sustentabilidade passa por vencer esse obsessivo foco no lucro a curto prazo, estimulando a ética empresarial, promovendo verdadeiras relações profissionais baseadas no respeito e na verdade, igualitárias, em que todos os membros da empresa saem a ganhar e onde existe uma visão e estratégia partilhada que contemple o médio prazo.
Esta nova Economia Consciente tem como grande meta o empreender e liderar projectos empresariais responsáveis, que apostam na criação de valor através das pessoas, garantindo assim a sua sobrevivência económica. A meta final não será ganhar apenas dinheiro, mas sim a criação de riqueza.
O grande objectivo para este século será o de levar a Felicidade as Organizações, sabendo com toda a certeza que este é também o sinónimo de rentabilidade, tornando-a desta forma a verdadeira Moeda Final.
Vida Económica, 4 de março de 2011